A expectativa pela divulgação de um pacote de corte de gastos do governo trouxe instabilidade aos mercados brasileiros nesta segunda-feira. Em um contexto de alta nas taxas de juros futuros e pressão cambial, o mercado enfrentou a ausência da referência dos Treasuries dos Estados Unidos, que não operaram devido a um feriado. Ao longo do dia, as taxas de juros de contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para 2026 e 2027 registraram aumento, refletindo incertezas quanto ao compromisso com a meta de inflação e com o controle fiscal. No entanto, sinais de que o anúncio das medidas pode ocorrer em breve reduziram parcialmente as pressões no final do pregão.
O mercado de juros está precificando uma política monetária mais agressiva como resposta à política fiscal expansionista em curso, enquanto o pacote de corte de gastos segue sem data definida. Espera-se que as medidas propostas pelo governo, ainda não reveladas, tragam soluções estruturais e eficazes para controlar o crescimento das despesas públicas. Investidores indicam que um pacote inferior a R$ 30 bilhões e sem garantias de sustentabilidade fiscal poderia ter efeito negativo nos ativos e impactar a estabilidade da dívida pública, que atualmente está em um dos níveis mais altos das últimas duas décadas.
O cenário é agravado pela pressão sobre as expectativas de inflação, que se afastam das metas estabelecidas para os próximos anos. No último Boletim Focus, a projeção de inflação para 2025 se aproximou do limite superior da meta, enquanto a previsão para 2026 também aumentou. Além disso, o déficit do setor público em setembro, embora menor do que o esperado, não aliviou as preocupações em torno da trajetória da dívida, que alcançou 62,39% do PIB, o maior nível em 22 anos.