Um comunicado enviado pelo Colégio Marista São Luís, no Recife, gerou controvérsia ao pedir que alunos do 4º ano do ensino fundamental utilizassem trajes típicos de pessoas negras durante uma feira de conhecimento sobre africanidade. A recomendação incluía roupas com estampas étnicas, turbantes e tranças para as meninas, e pinturas corporais com tinta branca para os meninos. Especialistas em diversidade e letramento racial criticaram a proposta, apontando que a iniciativa poderia promover apropriação cultural e até configurar blackface, uma prática racista em que pessoas não negras imitam características de negros de forma estereotipada.
A pedagoga Dayse Rodrigues destacou que, apesar da boa intenção da escola em promover a valorização da cultura africana, a forma como o comunicado foi elaborado reforçava estereótipos e desumanizava a identidade negra. Ela alertou que o pedido poderia ser interpretado como uma tentativa de imitar a cultura negra de forma caricata, sem a devida compreensão do contexto histórico e cultural. Para Rodrigues, a escola falhou ao não fornecer uma orientação mais precisa, permitindo que pais e responsáveis pudessem acabar reproduzindo estereótipos nocivos.
Em resposta, o Colégio Marista São Luís reconheceu a falha na comunicação e pediu desculpas aos envolvidos, reafirmando seu compromisso com uma educação inclusiva e antirracista. A instituição garantiu que as práticas pedagógicas devem ser sempre orientadas pelo respeito à diversidade e às diferenças culturais. Especialistas, por sua vez, sugeriram que a abordagem sobre a cultura negra fosse feita por meio da vivência de pessoas negras, com mais foco no empoderamento e no protagonismo dessas comunidades, para que a aprendizagem fosse mais autêntica e respeitosa.