Escavar até o centro da Terra é uma ideia que muitos já imaginaram, mas, segundo o geofísico Andrew Gase, ela é fisicamente impossível devido à estrutura do nosso planeta. A Terra é composta por três camadas principais: a crosta, o manto e o núcleo. A crosta é extremamente fina, como a casca de uma maçã, enquanto o manto é espesso e composto de rochas que se movem lentamente. No centro, o núcleo é formado por metais líquidos e sólidos, com temperaturas extremas que chegam a mais de 5.000 graus Celsius. Essas camadas, além de terem uma composição e temperatura variadas, criam desafios imensos para qualquer tentativa de escavação profunda.
O processo de escavação envolve desafios relacionados à pressão e à estabilidade das paredes do buraco. À medida que se cava mais fundo, as rochas que ficam acima do buraco exercem uma pressão crescente sobre as paredes, tornando-as instáveis e propensas a desmoronamentos. Para evitar esse tipo de colapso, seria necessário aumentar consideravelmente a largura do buraco, o que tornaria a tarefa ainda mais impraticável. A mina Bingham Canyon, uma das mais profundas do mundo, exemplifica esses desafios, com a ocorrência de deslizamentos de terra em suas encostas mesmo com escavações controladas.
Embora a escavação direta da Terra seja impossível com a tecnologia atual, a perfuração de poços profundos é uma prática comum na indústria de petróleo e gás, que já alcançou profundidades de até 12 quilômetros. No entanto, esses projetos enfrentam problemas como temperaturas extremas e falhas de equipamentos, como ocorreu no Kola Superdeep Borehole, o poço mais profundo já perfurado, na Rússia. Embora a perfuração ainda não seja capaz de atingir o núcleo da Terra, ela continua sendo uma ferramenta valiosa para entender melhor a estrutura interna do nosso planeta.