Um estudo da FecomercioSP revela que 77% das famílias brasileiras possuem algum tipo de dívida, como contas atrasadas ou financiamentos imobiliários. Nos últimos dois anos, 1,45 milhão de famílias passaram a conviver com débitos, e 13% afirmaram não ter perspectivas de quitação. A pesquisa, que entrevistou 18 mil famílias em 27 capitais, também destaca que o Sudeste concentra mais da metade dos endividados. São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Belo Horizonte e Fortaleza são as cidades com o maior número de famílias endividadas em termos absolutos.
O levantamento aponta que, em capitais como Porto Alegre e Vitória, a taxa de famílias endividadas chega a 91%, enquanto Belo Horizonte, Boa Vista e Curitiba apresentam 90%. Por outro lado, algumas cidades têm percentuais menores, como Salvador (66%), Goiânia (68%) e Belém (69%). Houve aumentos expressivos em Teresina e João Pessoa, mas capitais como Rio Branco e São Paulo registraram redução nos índices de endividamento. A FecomercioSP atribui as diferenças regionais a fatores macroeconômicos, como inflação, juros e renda, que influenciam o risco de inadimplência, agravado por altas taxas de juros e inflação pressionando o consumo.
Apesar do cenário de alto endividamento, o economista Fábio Pina, da FecomercioSP, observa que o mercado de trabalho aquecido e as boas condições de renda podem ajudar as famílias a reorganizar suas finanças. Ele prevê uma desaceleração econômica gradual no próximo ano, o que pode oferecer tempo para ajustes tanto no setor privado quanto nas políticas governamentais. O estudo também alerta para o risco de inadimplência e a exclusão do mercado de crédito, ressaltando a importância de equilibrar o incentivo ao consumo com medidas que protejam as finanças das famílias, principalmente as mais vulneráveis.