Um estudo divulgado pela Fapesp revelou que o fenômeno climático El Niño aumenta significativamente a infestação do mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, chikungunya e Zika. A pesquisa, que analisou dados entre 2008 e 2018 em municípios de São Paulo, constatou que recipientes descartados ao ar livre sob condições de temperatura acima de 23,3°C e chuvas superiores a 153 milímetros apresentaram 1,3 vezes mais larvas do mosquito em comparação a períodos sem o fenômeno. O El Niño aquece as águas do Pacífico, alterando a umidade e o calor em regiões tropicais, intensificando o problema no Brasil.
Com mais de 6,5 milhões de casos de dengue registrados até novembro de 2024, o Brasil enfrenta números recordes da doença. O estado de São Paulo contabilizou 2,1 milhões de casos e 1.904 mortes, sendo que a capital paulista sozinha registrou 632 mil casos e 393 óbitos. Especialistas alertam sobre a importância de medidas preventivas, como uso de repelentes e atenção médica imediata em caso de sintomas, que podem variar de febre alta a fortes dores musculares e de cabeça. A pesquisa reforça a necessidade de políticas públicas para intensificar o controle do mosquito em períodos de maior incidência de El Niño.
O governo de São Paulo destaca ações de imunização como a oferta da vacina contra a dengue para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, faixa etária com maior número de hospitalizações. Com o esquema vacinal de duas doses, 391 municípios já receberam o imunizante, enquanto mais doses estão sendo solicitadas ao Ministério da Saúde para ampliar a cobertura. A pesquisa busca colaborar no planejamento de estratégias mais eficazes de combate ao Aedes aegypti e à propagação das doenças relacionadas, sobretudo diante de cenários climáticos previsíveis.