O economista Paulo Leme, ex-executivo do Goldman Sachs e do FMI, avalia que as políticas econômicas prometidas pelo governo de Donald Trump, como estímulos massivos à demanda agregada, podem gerar um crescimento acelerado e intenso nos Estados Unidos. No entanto, essa expansão rápida traz consigo o risco de superaquecimento econômico e aumento inflacionário, sobretudo devido ao esgotamento da capacidade produtiva e à falta de mão de obra barata, agravada pelo fechamento das fronteiras à imigração.
Leme aponta que as medidas protecionistas propostas por Trump, como barreiras tarifárias às importações, podem criar tensões adicionais. O aumento da demanda interna por bens e serviços, sem um correspondente aumento na oferta, tende a pressionar os preços e levar o Federal Reserve a considerar elevações nas taxas de juros para conter os efeitos inflacionários. Apesar do impacto inicial positivo para o mercado financeiro, ele alerta que este crescimento pode ter um prazo limitado.
No contexto global, o fortalecimento do dólar devido às políticas expansionistas americanas pode trazer consequências negativas para economias emergentes, como o Brasil. A valorização da moeda americana pressionaria o real, dificultando reduções na taxa de juros doméstica. Leme prevê que, na segunda metade do mandato, os desafios econômicos e a necessidade de ajustes pelo Federal Reserve podem criar um cenário mais adverso para a economia dos EUA.