O desenvolvimento de novas tecnologias precisa considerar o destino dos materiais após a vida útil, alerta a pesquisadora Beatriz Luz, presidente do Instituto Brasileiro de Economia Circular. Ela destaca que essa preocupação será um tema importante na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), a ser realizada no próximo ano. Durante o festival REC’n’Play, em Recife, Luz organizou o Brazilian Circular Hotspot, um espaço dedicado à economia circular que reforçou a necessidade de planejamento para o descarte de tecnologias, como painéis solares e paredes eólicas, que exigem um olhar integrado para evitar novos problemas ambientais.
A pesquisadora aponta que a economia circular pode impulsionar ações urgentes no combate às mudanças climáticas, promovendo a reutilização, recuperação e reciclagem de materiais. Para isso, é fundamental uma mudança de mentalidade na forma de produzir e consumir, com o envolvimento tanto do poder público quanto da indústria. Ela defende políticas públicas que incentivem produtos circulares e uma maior responsabilidade por parte dos fabricantes. A abordagem já é adotada em países europeus, onde os produtores de energia renovável devem gerenciar os equipamentos necessários para a distribuição de energia, evitando a troca de um problema ambiental por outro.
No evento, o economista Arno Behrens, do Banco Mundial, ressaltou a importância de financiamento para práticas circulares, enfatizando que a economia circular deve estar no centro das políticas climáticas globais para reduzir as emissões de CO₂. O finlandês Kari Herlevi também destacou o papel do Brasil como exemplo regional de inovação sustentável, avaliando que o Brazilian Circular Hotspot é uma plataforma que coloca o país em posição de liderança e preparação para a COP30, com soluções locais que podem inspirar a comunidade internacional.