O dólar encerrou a semana cotado a R$ 5,8144, acumulando alta de 0,45%, em um cenário de instabilidade interna e fortalecimento da moeda americana no exterior. No Brasil, investidores aguardam o anúncio de um pacote de corte de gastos prometido pelo governo, o que limitou apostas mais arriscadas no câmbio. No ambiente internacional, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a outras moedas, ultrapassou 108 pontos, pressionado por indicadores econômicos fracos na Europa e por uma atividade econômica robusta nos EUA, reforçando o dólar como ativo seguro.
No mercado doméstico, o real apresentou desempenho superior às moedas de outros países latino-americanos, impulsionado pela valorização da bolsa brasileira e ações de empresas como a Petrobras, que anunciaram dividendos extraordinários. Apesar disso, a moeda brasileira continua sob pressão, refletindo cautela com o cenário fiscal e o ambiente externo de aversão ao risco. Operadores e economistas indicam que o câmbio atual, acima de R$ 5,80, reflete a falta de soluções estruturais no pacote fiscal em estudo, que poderá ter impacto limitado nos preços dos ativos.
Economistas projetam um corte de gastos de cerca de R$ 70 bilhões, mas manifestam preocupação com a concentração de medidas em programas sociais, em vez de ações estruturais como ajustes no salário mínimo. A percepção é de que cerca de 80% do impacto potencial das medidas já foi precificado, limitando a valorização do real e mantendo o dólar em patamar elevado. Com isso, o mercado continua em compasso de espera, enquanto o ambiente de dólar forte globalmente sustenta uma perspectiva de câmbio desfavorável no curto prazo.