O dólar fechou em baixa na reta final de negociações, após um dia de oscilações, influenciado pela expectativa do anúncio de um pacote de medidas fiscais pelo governo. Embora o câmbio tenha se aproximado do piso técnico de R$ 5,80 durante a tarde, o real não conseguiu acompanhar o movimento de valorização de outras moedas emergentes. Rumores de cortes de gastos e ajustes no salário mínimo e benefícios sociais, além de reformas na previdência dos militares, mantiveram o mercado cauteloso, com operadores esperando mais detalhes sobre o plano fiscal que será apresentado pelo governo.
A dinâmica do câmbio também foi impactada por fatores internacionais, como a queda do dólar frente a outras moedas, como o florim húngaro e o shekel israelense. Essa desvalorização do dólar ocorreu após a nomeação de um novo secretário do Tesouro nos EUA, que amenizou temores sobre o déficit fiscal americano, influenciando os mercados globais. Contudo, a força do dólar no cenário externo, associada à fragilidade do euro e a dados econômicos fracos da zona do euro, limitou a possibilidade de uma maior valorização do real, que seguiu com desempenho inferior a outras divisas emergentes.
Especialistas destacam que o cenário fiscal doméstico, com incertezas sobre os detalhes do pacote de gastos, contribuiu para a volatilidade no mercado cambial. A queda nos preços do petróleo, com a perspectiva de um cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah, também teve efeito indireto sobre o real, uma vez que o Brasil é um grande exportador de petróleo e o preço do barril impacta diretamente a economia nacional. A expectativa é que, caso o plano fiscal do governo esteja alinhado com as projeções de mercado, o real possa se valorizar marginalmente, mas uma surpresa positiva seria necessária para que a moeda brasileira superasse a barreira dos R$ 5,70.