O dólar à vista teve leve alta de 0,04% na terça-feira, 26, fechando a R$ 5,8081, com máxima a R$ 5,8285. O real se destacou como a moeda emergente com melhor desempenho, superando, por exemplo, o peso mexicano, que perdeu quase 2% no mesmo período. Apesar da leitura acima das expectativas do IPCA-15, que alimentou especulações sobre uma possível aceleração do ciclo de alta da taxa Selic, essa expectativa não teve impacto significativo sobre a taxa de câmbio, que foi influenciada por fatores internos, como a iminente divulgação de um pacote de cortes de gastos do governo.
O cenário externo também exerceu influência no mercado, com o índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas, superando a marca de 107 pontos, impulsionado por declarações de Donald Trump sobre a imposição de tarifas adicionais a importações da China, México e Canadá. Contudo, a agenda inflacionária de Trump e a expectativa de corte de juros nos EUA em dezembro geraram dúvidas sobre a possibilidade de afrouxamento monetário em 2025, o que mantém a pressão sobre as moedas emergentes, incluindo o real.
No Brasil, a expectativa em torno do pacote de contenção de despesas do governo, que inclui mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC), salário mínimo, e abono salarial, tem mantido o real relativamente isolado dos movimentos globais. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que as medidas estavam praticamente definidas, mas aguardavam discussões com líderes do Congresso antes de um anúncio oficial. Analistas indicam que, embora parte do impacto positivo já esteja refletido nos preços dos ativos, o pacote pode resultar em uma valorização marginal do real, entre 2% e 3%.