O real teve uma forte recuperação nesta segunda-feira (4), impulsionado pela perspectiva de medidas iminentes de corte de gastos anunciadas pelo governo Lula. O dólar, que fechou na sexta-feira em um dos níveis mais altos da história, caiu 1,47%, encerrando o dia cotado a R$ 5,7831. Esse movimento foi acompanhado por uma recuperação das commodities e pela queda das taxas dos Treasuries. Além disso, o índice DXY, que mede o comportamento do dólar frente a outras moedas fortes, voltou a operar abaixo de 104,000 pontos. Economistas destacam que a sinalização de medidas fiscais pelo governo brasileiro trouxe certo alívio ao mercado, que ainda lida com incertezas.
Outro fator que influenciou a valorização do real foi a mudança no chamado Trump trade, com os investidores desmontando posições agressivas após avanços da candidata democrata Kamala Harris nas pesquisas eleitorais dos EUA. A expectativa é que, caso Trump retorne à presidência, medidas protecionistas prejudiquem moedas emergentes. Apesar do cenário positivo, analistas alertam para a continuidade da oscilação cambial, com a eleição americana e o desenrolar das medidas fiscais sendo acompanhados de perto. A percepção de falta de urgência do governo em ajustar as contas públicas gerou estresse na última semana, mas a reunião de Haddad com Lula e a suspensão da viagem do ministro à Europa indicam comprometimento.
Adicionalmente, o mercado aguarda decisões de política monetária tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. O Comitê de Política Monetária (Copom) deve anunciar uma alta de 0,50 ponto porcentual na taxa Selic, enquanto o Federal Reserve tende a cortar 0,25 ponto na quinta-feira (7). Esse diferencial de juros pode, em tese, beneficiar o real, tornando as operações de carry trade mais atrativas. Entretanto, especialistas alertam que a eficácia da valorização da moeda brasileira dependerá da robustez das medidas fiscais que o governo prometerá para conter os gastos públicos.