O dólar à vista disparou nesta quarta-feira, 27, fechando a sessão acima de R$ 5,91, o maior valor nominal da história do real. A alta foi impulsionada pela expectativa do anúncio de medidas econômicas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, incluindo a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil por mês, uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O movimento gerou um clima de incerteza no mercado, especialmente após sucessivos adiamentos na divulgação do plano fiscal, que os investidores aguardavam como sinal de um compromisso com o controle de gastos públicos.
A isenção do IR, em meio a um pacote de contenção de despesas, foi vista como uma medida contraditória, que poderia comprometer a credibilidade do governo na implementação de reformas fiscais. Economistas apontaram que a decisão pode afetar negativamente a confiança dos investidores ao reduzir a arrecadação, enquanto a promessa de cortes de gastos ainda não apresenta detalhes suficientes sobre a compensação das perdas fiscais. A reação imediata foi de desvalorização do real, que atingiu um pico intraday de R$ 5,97, com grande volume de negociações no mercado futuro de dólar.
Apesar de um cenário global mais favorável para o dólar, com quedas em moedas fortes como o euro e o iene, a moeda brasileira não conseguiu se descolar da tendência de alta. A incerteza sobre a sustentabilidade do ajuste fiscal e a preocupação com a adoção de medidas populares, como a isenção de IR, mantiveram os investidores cautelosos. Especialistas ressaltaram que, para estabilizar o mercado, o governo precisará fornecer detalhes mais claros sobre a compensação dos cortes de receita e o controle das despesas, caso contrário, o dólar poderá continuar pressionado nas próximas sessões.