O dólar à vista alcançou o maior nível nominal da história do real, fechando a sessão de quarta-feira (27) acima de R$ 5,91. A alta foi impulsionada pela expectativa em torno de um pronunciamento do ministro da Fazenda, que abordaria medidas fiscais, incluindo a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil por mês, uma das promessas de campanha do presidente. A medida foi vista com preocupação por analistas e investidores, que temem a renúncia de receitas em um momento em que a estabilidade fiscal do país ainda é um desafio.
Nos últimos dias, havia crescente desconforto no mercado devido aos adiamentos do plano fiscal, que deveria ter sido divulgado logo após as eleições municipais. A introdução de uma medida que pode reduzir a arrecadação federal alimentou dúvidas sobre a capacidade do governo de realizar uma reforma estrutural no gasto público e alcançar as metas fiscais, além de consolidar a relação dívida/PIB a longo prazo. A reação negativa foi refletida na desvalorização do real e na alta do dólar, que atingiu seu maior valor desde maio de 2020.
O plano fiscal, que inclui mudanças nas regras do Benefício de Prestação Continuada (BPC), abono salarial, reajuste do salário mínimo e previdência, foi antecipado como um possível esforço para conter gastos, mas a falta de detalhes mais claros gerou cautela entre os investidores. Além disso, o impacto da notícia foi acentuado por fatores externos, como o recuo do índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a outras divisas fortes. Apesar da pressão interna, a moeda americana também sofreu ajustes devido a especulações sobre uma possível redução das taxas de juros pelo Federal Reserve em dezembro.