O Carrefour da França surpreendeu ao anunciar que não comercializará mais carnes provenientes do Mercosul, em resposta à pressão de agricultores franceses e ao debate sobre o acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o bloco sul-americano. A decisão está vinculada a preocupações locais quanto ao cumprimento das normas europeias e à lei antidesmatamento da UE, que restringe a entrada de produtos oriundos de áreas desmatadas após 2022. No entanto, a medida gerou reações negativas do governo brasileiro e entidades ligadas ao agronegócio, que defenderam a qualidade e as práticas sustentáveis da produção nacional.
O setor agropecuário brasileiro, por meio de diversas associações, repudiou a decisão do Carrefour, interpretando-a como um gesto protecionista para atender às demandas locais da França, conhecida por sua forte oposição ao acordo Mercosul-UE. As entidades questionaram a coerência da decisão, argumentando que, se a carne do Mercosul não é adequada para o mercado francês, também não deveria ser para outros países onde o grupo opera. A empresa, no entanto, esclareceu que a medida é restrita às lojas francesas e não afeta suas operações em outras regiões, incluindo Brasil e Argentina.
Apesar do impacto limitado, já que as exportações de carne brasileira para a França representam uma fração ínfima do total, a decisão evidencia as tensões entre demandas protecionistas locais e a globalização do mercado de alimentos. Enquanto isso, setores do agronegócio brasileiro ameaçam boicotar o Carrefour no Brasil, enquanto especialistas minimizam possíveis prejuízos, destacando o atual aquecimento do mercado de exportação brasileiro devido à crescente demanda global por proteínas animais.