Um relatório da Rede de Observatórios da Segurança revela que, em 2023, pessoas negras foram oito vezes mais mortas do que brancas em ações policiais no Ceará. Com base nos dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação junto à Secretaria de Segurança Pública, o estudo mostra que, entre as 147 mortes registradas em intervenções policiais, a cor da pele foi identificada em 53 casos, sendo 88,7% dessas mortes de pessoas negras ou pardas. Além disso, o levantamento destaca que a maior parte das vítimas são jovens negros, entre 12 e 29 anos, grupo que representa 79,6% do total.
Comparado ao ano anterior, o número total de mortes em decorrência da violência policial caiu 3,3%, mas as mortes de pessoas negras aumentaram em 27%. A Rede de Observatórios aponta que o padrão de letalidade policial não sofreu grandes alterações nos últimos anos, mantendo o perfil das vítimas majoritariamente entre jovens negros de áreas periféricas. Embora autoridades de segurança afirmem estar considerando questões raciais na formulação de políticas, a pesquisadora Fernanda Lobato critica a ausência de transformações significativas e cobra uma política pública eficaz para reduzir a letalidade policial contra a juventude negra.
Durante o lançamento de um painel de monitoramento dinâmico sobre discriminação racial, o governo cearense apresentou medidas para conscientizar sobre o registro de raça e cor nos documentos de identidade e ofereceu capacitações em atendimento humanizado e intervenções não letais para profissionais de segurança pública. A Secretaria da Segurança Pública enfatiza o compromisso em promover um atendimento mais inclusivo e transparente, com investigações detalhadas em casos de morte decorrentes de ações policiais, além de uma estrutura autônoma para avaliar e corrigir preventivamente as condutas dos servidores da segurança pública.