O Cerrado, o segundo maior bioma do Brasil, registrou uma redução no desmatamento pela primeira vez em cinco anos, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Entre agosto de 2023 e julho de 2024, a supressão da vegetação nativa foi de 8.174 km², medida pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento no Cerrado por Satélite (Prodes Cerrado), que rastreia a perda de vegetação com precisão. A diminuição da devastação reverte um aumento consecutivo desde o período de 2018/2019, trazendo alívio para ambientalistas e órgãos federais.
A redução do desmatamento no Cerrado resultou na retenção de 41,8 milhões de toneladas de CO₂, principal gás de efeito estufa responsável pelo aquecimento global. O governo federal atribui a queda ao reforço nas ações de fiscalização, com um aumento significativo de multas aplicadas pelo Ibama em relação ao período anterior. A iniciativa contou ainda com a assinatura de um pacto entre o governo federal e os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, região conhecida como Matopiba, para intensificar o combate ao desmatamento e incêndios ilegais e melhorar a conservação dos recursos naturais.
Apesar da queda, especialistas destacam que os índices de destruição no Cerrado ainda são elevados em relação à série histórica, principalmente em propriedades privadas. A pressão econômica sobre o bioma, impulsionada pela expansão agrícola e legislação ambiental considerada pouco eficaz, segue como desafio para a preservação. Entidades da sociedade civil alertam para a necessidade de maior engajamento do setor produtivo e de estratégias robustas de preservação para garantir a sustentabilidade a longo prazo.