Um estudo do Instituto Sou da Paz revelou que homens negros representam 79% das vítimas de homicídios por arma de fogo no Brasil entre 2012 e 2022. Nesse período, as armas de fogo foram responsáveis por aproximadamente 38 mil mortes masculinas anuais, sendo jovens de 20 a 29 anos as principais vítimas, com 43% dos casos. Além disso, adolescentes entre 15 e 19 anos e jovens adultos têm taxas de homicídios até três vezes superiores à média masculina. A análise aponta que homens negros são três vezes mais propensos a morrer por armas de fogo do que homens não negros, evidenciando o impacto estrutural da desigualdade racial na violência armada.
A região Nordeste registra a maior taxa de homicídios por arma de fogo, com 57,9 mortes por 100 mil homens, seguida pelo Norte (49,1), Centro-Oeste (27,0), Sul (23,2) e Sudeste (16,1). A pesquisa também destacou o aumento da criminalidade em áreas menos urbanizadas, onde pequenas e médias cidades concentraram 60% dos homicídios do país. Essa realidade reflete os desafios da segurança pública frente à expansão de facções criminosas e à vulnerabilidade estrutural que atinge desproporcionalmente a população negra.
Além dos homicídios, a violência armada não letal também reforça o padrão de desigualdade racial. Nas regiões Norte e Nordeste, homens negros correspondem a mais de 80% das vítimas. Especialistas alertam para a necessidade de políticas públicas regionais e estruturais que considerem os diversos fatores de risco envolvidos, buscando reduzir a violência armada e suas desigualdades no Brasil.