Apesar de as mulheres negras representarem a maior parcela de profissionais no serviço público brasileiro, elas são as menos remuneradas, conforme aponta o Anuário de Gestão de Pessoas no Serviço Público, da República.org, com base na PNAD 2024. Com 29,3% de participação, superam mulheres brancas, homens negros e homens brancos, mas ocupam majoritariamente cargos nos setores municipais, com salários mais baixos e funções de cuidado, como educação e saúde, menos valorizadas. Essa realidade reflete desigualdades estruturais da sociedade que se reproduzem na esfera pública.
Além da distribuição ocupacional, há uma discrepância evidente na remuneração. Apenas 8,5% das mulheres negras estão entre os servidores que recebem entre 10 e 20 salários mínimos, enquanto 45,1% dos homens brancos ocupam essa faixa. Por outro lado, 34,4% das mulheres negras estão na faixa de um a dois salários mínimos, a maior proporção entre todos os grupos analisados. Fatores como acesso desigual a oportunidades, dificuldade de progressão na carreira e barreiras ao alcance de cargos de liderança contribuem para ampliar essas diferenças, especialmente para mulheres negras.
Especialistas defendem mudanças estruturais e políticas públicas mais inclusivas para mitigar essas desigualdades. A aprovação de um projeto de lei que amplia para 30% as cotas raciais em concursos públicos federais é vista como uma medida essencial para promover maior equidade no setor. Essa proposta, que atualiza a Lei de Cotas vencida em 2024, está em tramitação e busca refletir a diversidade da sociedade no serviço público, enfrentando as injustiças que ainda persistem.