A população negra segue sendo a mais impactada no mercado de trabalho brasileiro, com destaque para as mulheres negras, que enfrentam taxas de desemprego significativamente mais altas. De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), no segundo trimestre de 2024, o desemprego entre mulheres negras chegou a 10,1%, mais que o dobro do registrado entre homens não negros, que apresentaram uma taxa de 4,6%. Esse contexto reflete as barreiras estruturais e históricas que dificultam a inserção desse grupo em posições de maior estabilidade e remuneração.
Além do desemprego elevado, as mulheres negras ocupam, predominantemente, funções de baixa remuneração, como serviços domésticos, de limpeza e alimentação, apontando para uma desigualdade estrutural na base do mercado de trabalho. A remuneração é outro ponto de desequilíbrio: segundo o levantamento, essas mulheres recebem, em média, apenas 50,2% do salário dos homens brancos. Essa discrepância salarial reflete um cenário persistente de exclusão e discriminação econômica, exacerbado pela crise provocada pela pandemia de Covid-19.
Outro fator que agrava essa realidade é o alto índice de informalidade. No segundo trimestre de 2024, 38,6% dos trabalhadores estavam em condições informais, sendo as mulheres negras as mais atingidas, com um índice 9,1% superior ao das mulheres não negras em situações similares. Além disso, essas mulheres lideram um grande número de lares, de acordo com o IBGE, intensificando o impacto da desigualdade no âmbito familiar. Essa realidade reforça a necessidade de políticas públicas voltadas à equidade e à inclusão no mercado de trabalho.