A desigualdade social no Brasil reflete-se de maneira significativa no acesso à internet. Embora sete em cada oito lares brasileiros tenham algum tipo de conexão, um terço das residências das classes D e E permanece desconectado. Além disso, a qualidade da conexão disponível em áreas mais vulneráveis é geralmente inferior, caracterizada por lentidão e instabilidade. Para muitos brasileiros que dependem de planos pré-pagos, a conexão se esgota antes do final do mês, dificultando o acesso contínuo. Segundo o estudo do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, 29 milhões de brasileiros ainda estão offline, com quase metade desse grupo sendo composta por pessoas com 60 anos ou mais.
O celular é o dispositivo mais utilizado para o acesso à internet no país, seguido pela televisão e, por último, o computador. No entanto, apesar da popularização da internet, o estudo revela que muitos brasileiros ainda enfrentam desafios de conectividade devido à falta de familiaridade com as tecnologias digitais. Esse é o caso de empreendedores de baixa renda, como algumas mulheres que estão iniciando no empreendedorismo e enfrentam dificuldades para se adaptar às exigências tecnológicas. Para muitos, a inclusão digital se apresenta como um novo obstáculo, limitando o alcance de suas iniciativas de negócios.
ONGs têm desempenhado um papel importante na promoção da inclusão digital, oferecendo cursos de tecnologia que visam capacitar essa população. Em uma dessas iniciativas, mulheres que nunca tiveram contato com um computador estão aprendendo a utilizar ferramentas online que podem ajudar no crescimento de seus negócios. Segundo uma professora de uma ONG, essas aulas visam fornecer autonomia digital para empreendedoras, auxiliando-as a alcançar novos públicos e expandir suas atividades. Esse apoio é crucial para a inclusão digital e o empoderamento econômico de pessoas em situação de vulnerabilidade no Brasil.