Samuel Pessôa, pesquisador da Fundação Getulio Vargas (FGV) e chefe de pesquisa do Julius Baer Brasil, discutiu em uma recente participação no programa WW a proposta de taxação dos super-ricos e os problemas estruturais da economia brasileira. Ele destacou que a principal preocupação do mercado financeiro é o fato de o gasto público crescer de maneira mais acelerada que a economia, o que cria um ciclo contínuo de desequilíbrio fiscal. Esse descompasso obriga o Congresso a aprovar novos impostos todos os anos para cobrir o crescimento dos gastos públicos.
O especialista explicou que, caso o gasto público aumente na mesma proporção que a economia, o cenário se estabiliza, mas as regras atuais forçam uma aceleração do crescimento do gasto público, o que resulta em novos impostos para compensar o desequilíbrio. Pessôa também se posicionou contra a proposta de vincular o aumento do salário mínimo ao arcabouço fiscal, argumentando que, embora a medida tenha a intenção de controlar os gastos, ela não resolve o problema estrutural. Segundo ele, o aumento do número de beneficiados por programas vinculados ao salário mínimo acabaria ampliando o crescimento dos gastos públicos de forma insustentável.
Por fim, Pessôa afirmou que, embora a proposta de valorização do salário mínimo possa atenuar temporariamente a questão fiscal, o desequilíbrio estrutural se manteria, perpetuando a necessidade de novos impostos a cada ano. Ele alertou para a importância de uma abordagem mais profunda e sustentável para resolver os problemas fiscais do Brasil, que exigem reformas além de medidas paliativas para equilibrar o crescimento da economia e os gastos públicos.