Pesquisas recentes desafiam a ideia de que a sincronia constante entre pais e filhos é sempre benéfica para o desenvolvimento infantil. Estudos demonstram que a sincronia biocomportamental, que envolve a coordenação de gestos, batimentos cardíacos e até atividades cerebrais, é essencial para a construção de conexões seguras entre pais e filhos. No entanto, cientistas começaram a questionar se uma sincronia excessiva pode, de fato, ser prejudicial. De acordo com um estudo recente, momentos de desconexão entre pais e filhos, seguidos de reconexões, podem ser mais saudáveis para o relacionamento do que uma sintonia ininterrupta.
Os pesquisadores observaram que a sincronia neural entre pais e filhos pode refletir o esforço cognitivo envolvido na interação, e não necessariamente a qualidade da relação. No caso de mães com estilos de conexão insegura, por exemplo, a sincronia neural foi mais alta, mas não houve correlação com a sincronia comportamental. Essa descoberta sugere que a sincronia excessiva pode indicar dificuldades no relacionamento, especialmente quando os pais tentam atender a todas as necessidades dos filhos de maneira exagerada, o que pode gerar estresse para ambos os lados.
Por fim, os resultados indicam que os pais não precisam estar constantemente em sintonia com seus filhos para garantir um bom desenvolvimento. O importante é que a relação funcione de maneira geral, com os pais sendo emocionalmente disponíveis quando necessário e as crianças tendo espaço para desenvolver autonomia. Esse equilíbrio, entre conexão e independência, contribui para um desenvolvimento emocional, social e cognitivo saudável das crianças. A verdadeira essência da teoria das conexões está em reconhecer a importância dos desencontros naturais e a capacidade de repará-los de forma eficaz.