Com a conclusão da 29ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP29), realizada em Baku, começa a contagem regressiva para a COP30, que será sediada em Belém, no Brasil. Os próximos 12 meses serão decisivos, não apenas para a organização do evento, mas também para o fortalecimento da confiança no processo multilateral, que sofreu desgaste em Baku. A secretária nacional de Mudança do Clima, Ana Toni, destacou que o foco da COP30 será a reconstrução dessa confiança e o aprofundamento das negociações, especialmente em relação ao financiamento climático, que foi o principal tema da COP29, mas não alcançou os resultados esperados.
Embora a COP29 tenha sido marcada por impasses, especialmente em relação à definição de um financiamento adequado para combater o aquecimento global, houve avanços importantes, como a criação de uma Meta Quantificada Global de Finanças, fixada em US$ 300 bilhões por ano. No entanto, esse valor ainda está distante do necessário para atingir a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C até 2030. Para o Brasil, será fundamental discutir mais detalhadamente as questões do financiamento, especialmente a taxação de super-ricos, aviação e combustíveis fósseis, assim como as metodologias para a implementação de mecanismos de mercado de carbono.
Outro progresso relevante foi a aprovação do Mecanismo de Crédito do Acordo de Paris, que permitirá o comércio de créditos de carbono, e o apoio à implementação de Planos Nacionais de Adaptação (NAPs) para países menos desenvolvidos. A delegação brasileira também comemorou o avanço na definição de indicadores globais de adaptação e o comprometimento com o aumento dos recursos para adaptação às mudanças climáticas. No entanto, ainda existem muitas pendências, incluindo o fundo de perdas e danos e a transição justa, que exigem debates contínuos antes da COP30. Para isso, será necessário realizar mais reuniões ao longo do ano para garantir que essas questões sejam resolvidas de forma eficaz.