O economista sul-coreano Ha Joon Chang, reconhecido por suas análises sobre desenvolvimento econômico, critica os desafios que países em desenvolvimento enfrentam para implementar políticas sustentáveis em um cenário global dominado pelas potências do pós-Segunda Guerra Mundial. Durante sua participação no G20 Social no Brasil, Chang destacou a necessidade de uma transição energética que vá além da tecnologia e considere mudanças estruturais nas economias, especialmente em nações como o Brasil, que podem servir como exemplo ao promover ações rápidas contra as mudanças climáticas. Ele alerta para os efeitos negativos de uma desindustrialização precoce, que torna o país excessivamente dependente de commodities, intensificando o desmatamento e a perda de biodiversidade.
Chang também expressou preocupações sobre o impacto de governos que minimizam ou negam a crise climática, citando retrocessos em políticas ambientais em contextos como o dos Estados Unidos sob a liderança de Donald Trump. Para ele, embora líderes como Trump sejam eleitos democraticamente, a crescente frequência de eventos climáticos extremos pode pressionar a opinião pública a cobrar ações mais eficazes dos governantes. Ele acredita que países como Brasil e China têm feito esforços consideráveis, mas que a luta contra as mudanças climáticas demanda engajamento global mais consistente.
O economista enfatiza a necessidade de maior investimento público para financiar a transição sustentável em países em desenvolvimento, criticando a insuficiência dos recursos disponibilizados pelas nações ricas. Segundo Chang, os valores atuais, frequentemente oferecidos em forma de empréstimos com altas taxas de juros, são desproporcionais à magnitude do problema. Ele ressalta que, embora o setor privado esteja contribuindo mais, os riscos associados aos retornos de longo prazo ainda limitam investimentos significativos em regiões que mais sofrem com os impactos da crise climática.