Uma organização ucraniana estima que pelo menos 19.546 crianças foram ilegalmente deportadas para a Rússia, onde algumas são adotadas por famílias russas. O processo envolve, muitas vezes, a separação forçada de irmãos e a alteração de documentos de identidade das crianças, apagando suas raízes ucranianas. Em casos como o de Serhii e Ksenia, crianças ucranianas separadas durante a guerra, essa prática busca efetuar uma reeducação cultural e enfraquecer o vínculo das crianças com a cultura de origem, segundo a Bring Kids Back UA, organização que trabalha para resgatar essas crianças.
Dmytro Lubinets, comissário de Direitos Humanos do Parlamento da Ucrânia, destaca que a situação das crianças ucranianas deportadas reflete uma estratégia russa que se intensifica desde a anexação da Crimeia em 2014. Relatórios e investigações revelam que muitas crianças passam por campos de reeducação onde são expostas a uma narrativa que nega a existência da Ucrânia como nação independente. Há também registros de jovens submetidos a treinamento militar, reforçando a denúncia de que a Rússia pretende preparar essas crianças para futuros conflitos armados, após anos de doutrinação.
A denúncia desse tipo de crime de guerra resultou em mandados de prisão emitidos pelo Tribunal Penal Internacional contra autoridades russas. Em Brasília, um seminário internacional busca ampliar a conscientização sobre a violação dos direitos das crianças em zonas de guerra. Promovido pela organização Bring Kids Back UA, o evento conta com a participação de representantes ucranianos e ONGs internacionais, visando alertar sobre a importância da proteção infantil em conflitos armados e a necessidade de uma resposta internacional mais incisiva diante dessas violações.