O governo federal tem acompanhado com cautela a proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa acabar com a escala de trabalho 6×1, em que trabalhadores atuam seis dias seguidos e descansam um. De autoria da deputada Erika Hilton, a PEC propõe uma mudança que permitiria ao trabalhador ter três dias de descanso, incluindo o final de semana. Embora a ideia tenha ganhado apoio nas redes sociais e dentro do Congresso, o Planalto vê a possibilidade de avanço com ceticismo, principalmente pela configuração de forças no Legislativo.
Para que a PEC possa avançar na Câmara dos Deputados, a proposta precisa ser aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e reunir no mínimo 171 assinaturas de deputados. Contudo, há dúvidas quanto à viabilidade da aprovação, especialmente porque a CCJ é presidida por uma deputada de oposição ao governo. Além disso, um ministro próximo ao presidente afirmou que existem várias propostas similares que estão paradas há anos no Congresso, o que evidencia a dificuldade de impulsionar mudanças estruturais nas jornadas de trabalho.
Apesar do interesse do Planalto pelo tema, que reforça um debate público mais alinhado à esquerda, o governo não deve priorizar esforços para mover a proposta no Congresso. Em nota, o Ministério do Trabalho destacou que a redução da jornada é possível e saudável, mas sugeriu que o tema seja tratado em convenções e acordos coletivos entre empresas e trabalhadores, ressaltando a importância do diálogo e de adaptações que atendam às necessidades das partes envolvidas.