A suça é uma manifestação cultural afrobrasileira marcada por cantos, batuques e danças, fortemente presente em comunidades tradicionais e quilombolas do Tocantins, especialmente no sul do estado. Surgida no século XVIII com os africanos escravizados que trabalhavam nas minas de ouro, essa expressão artística reflete a resistência e celebração das raízes afrodescendentes. Instrumentos como tambores e pandeiros, muitas vezes fabricados artesanalmente, acompanham músicas que retratam o cotidiano e a ancestralidade, criando um elo entre o passado e o presente nas comunidades onde a tradição é preservada.
Além de seu valor cultural, a suça é considerada um símbolo no combate ao racismo e à intolerância religiosa, já que promove a valorização da identidade negra e quilombola. Contudo, ainda enfrenta preconceitos, muitas vezes associada de forma pejorativa a práticas religiosas de matriz africana. Historiadores e pesquisadores destacam que essa visão reflete estigmas históricos, mas ressaltam o papel inclusivo da dança em espaços educacionais e públicos. Grupos como Suça das Dianas e Suça Tia Benvinda realizam apresentações e trabalhos pedagógicos para disseminar conhecimento e fortalecer o respeito à cultura afrobrasileira.
A transmissão dessa tradição às novas gerações é essencial para a continuidade da prática. Jovens que aprendem com seus familiares e mestres locais mantêm viva a dança, enquanto enfrentam os desafios de um cenário de resistência e preconceito. Com iniciativas em escolas e eventos, a suça não apenas celebra a herança afrobrasileira, mas também atua como uma ferramenta de valorização do patrimônio cultural e de combate aos estigmas que ainda persistem na sociedade.