O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o custo da transição para uma economia verde tem sido subestimado, alertando que eventos climáticos têm ocorrido com frequência cada vez maior. Ele defende que a transição energética precisa ser realizada de maneira coordenada entre os países, pois a complexidade e os desafios envolvidos na inovação e no uso de insumos necessários estão sendo maiores do que o esperado. Esses fatores aumentam a necessidade de uma abordagem global e integrada para lidar com os impactos econômicos das mudanças climáticas.
Campos Neto destacou que os investimentos verdes são mais sensíveis às políticas monetárias e enfrentam desafios para serem integrados em modelos econômicos tradicionais, especialmente devido às externalidades positivas. Ele mencionou que, nas empresas, a decisão de optar por investimentos sustentáveis muitas vezes envolve questões de reputação, como nos créditos de carbono, onde o retorno do investimento nem sempre é evidente. Para o consumidor, a substituição de produtos convencionais por sustentáveis também é complicada, embora a disposição em pagar por produtos com rótulo verde ou sustentável seja visível, especialmente no setor de proteínas no Brasil.
Além disso, Campos Neto apontou as dificuldades de modelar políticas de tarifas sobre carbono, enfatizando a falta de uniformidade nas regulamentações internacionais. Na Europa, ajustes de impostos de fronteira criam incentivos diferentes para países com políticas semelhantes e para aqueles sem tais tarifas, complicando ainda mais a transição coordenada para uma economia de baixo carbono. Segundo ele, esses desajustes tornam o planejamento da transição verde mais complexo e destacam a importância de uma abordagem global padronizada.