O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertou que o custo da transição verde tem sido subestimado e que essa mudança para uma economia sustentável enfrenta desafios maiores do que o esperado. Durante o evento Green Swan 2024, realizado pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS), em Basileia, ele destacou que os eventos climáticos têm se intensificado e que a transição energética precisa ser coordenada globalmente. Segundo ele, os insumos necessários para essa transição se mostraram mais inelásticos, dificultando a implementação de soluções inovadoras.
Campos Neto pontuou que os investimentos sustentáveis são altamente sensíveis às políticas monetárias, mas ressaltou as dificuldades de incluir variáveis ambientais nos modelos econômicos, especialmente devido às externalidades positivas que surgem nesse contexto. Para as empresas, por exemplo, a reputação influencia nas decisões de investir em sustentabilidade, mas a falta de clareza ainda é um desafio. Do lado do consumidor, substituições de produtos convencionais por alternativas verdes também não são decisões tão óbvias, com o mercado de proteínas sustentáveis como um exemplo de menor sensibilidade a preços e grande variação no Brasil.
Outro aspecto destacado foi a complexidade de padronizar a tributação de carbono globalmente, um fator que complica ainda mais a transição verde. Campos Neto observou que diferenças nas políticas fiscais entre países, como os ajustes de impostos de fronteira na Europa, criam incentivos distintos para as nações, dificultando a criação de uma política ambiental uniforme.