Entre janeiro e agosto deste ano, 468 crianças de até 14 anos morreram em hospitais das redes pública e privada do Distrito Federal (DF). Os dados, obtidos via Lei de Acesso à Informação, mostram que 73% das mortes ocorreram no Sistema Único de Saúde (SUS), que atende a maioria da população infantil da região. Segundo especialistas, a predominância de óbitos na rede pública está ligada à proporção maior de atendimentos, e não necessariamente à qualidade do serviço.
A maioria das mortes foi de recém-nascidos, com causas predominantes como complicações no período perinatal, ausência de acompanhamento pré-natal adequado, malformações congênitas e doenças respiratórias. Profissionais de saúde apontam a falta de pediatras nos hospitais públicos como um dos fatores que prejudicam o atendimento infantil, agravando o cenário. Diante disso, famílias e representantes da saúde pressionam pela criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar possíveis falhas de gestão e atendimento nos serviços públicos de saúde do DF, embora a instalação da CPI esteja em compasso de espera devido à fila de outras investigações na Câmara Legislativa.
Além disso, o Ministério Público do DF e Territórios investiga possíveis casos de negligência médica, especialmente em relação a óbitos de crianças. Famílias de algumas vítimas denunciam a demora e falhas no atendimento como causas de mortes que poderiam ter sido evitadas. Manifestações públicas já ocorreram em Brasília em defesa da CPI, e a situação desperta um debate sobre a necessidade de melhorias urgentes no sistema de saúde pública infantil da região.