A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) publicou um edital reservando 30% das vagas no Exame Nacional de Residência (Enare) para negros, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência. Essa iniciativa busca ampliar a inclusão de grupos historicamente vulneráveis, promovendo maior equidade no acesso à formação especializada em saúde. A Ebserh sustenta que as cotas são respaldadas pela Constituição e visam corrigir desigualdades estruturais, refletindo a diversidade da população brasileira e facilitando o acesso de minorias a programas de residência.
No entanto, o Conselho Federal de Medicina (CFM) se posiciona contra a implementação das cotas em residências médicas, alegando que essa política poderia provocar discriminação reversa. Segundo o CFM, a inclusão de estudantes de grupos minoritários já ocorre nos cursos de medicina, o que, em sua visão, proporciona uma formação igualitária para todos os graduados. O CFM argumenta que o acesso às residências deve se manter baseado exclusivamente no mérito acadêmico, visando garantir um padrão elevado de qualificação profissional.
A Ebserh, por sua vez, reafirma a importância das ações afirmativas como instrumentos de equidade, sustentando que as cotas nos processos de residência são uma extensão necessária das políticas adotadas no ingresso ao ensino superior. A estatal defende que as desigualdades sociais persistem mesmo após a graduação, devido aos desafios econômicos e à intensa concorrência na preparação para a residência médica.