O JPMorgan revisou suas projeções para a política monetária brasileira, antecipando uma alta de 1 ponto percentual na taxa Selic em dezembro. A mudança ocorre após a avaliação de que o pacote fiscal anunciado pelo governo acentuou o conflito entre política fiscal e monetária, enfraquecendo a credibilidade econômica. Com isso, o banco elevou sua estimativa para o fim do ciclo de alta da Selic de 13% para 14,25%, citando a necessidade de contrabalançar os impactos inflacionários do pacote e a deterioração das expectativas econômicas.
Na análise da instituição, o pacote fiscal apresenta números excessivamente otimistas e carece de ajustes estruturais significativos para garantir a sustentabilidade da dívida pública. Medidas como a reforma do imposto de renda e mudanças no salário mínimo são vistas como potencialmente inflacionárias e insuficientes para corrigir o déficit fiscal. Além disso, a antecipação de gastos e a possibilidade de aprovação parcial da reforma pelo Congresso podem ampliar o desequilíbrio fiscal nos próximos anos, pressionando a economia.
Nesse cenário, o JPMorgan alerta que a política monetária precisará ser mais incisiva para conter os impactos do pacote fiscal em uma economia já superaquecida. O banco ressalta que a combinação de um câmbio depreciado e expectativas inflacionárias crescentes reforça a necessidade de uma resposta monetária mais contundente, diante de um cenário fiscal que tende a impulsionar a inflação e intensificar os desafios econômicos no curto prazo.