A Ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada pelo Banco Central, após a decisão de aumento da taxa Selic, apresenta três principais razões para a elevação dos juros. A primeira delas é a deterioração dos preços dos ativos financeiros, como o dólar e os juros futuros, que refletem o aumento do prêmio de risco fiscal. O aumento do dólar, além de impactar a inflação, enfraquece a eficácia da política monetária no combate à alta dos preços. A segunda razão mencionada é a desancoragem das expectativas inflacionárias, resultado da percepção negativa do mercado em relação à situação fiscal, o que leva agentes econômicos a anteciparem aumentos de preços, intensificando o processo inflacionário.
O documento também aponta que a economia brasileira está crescendo acima de seu potencial, caracterizando um “hiato do produto positivo”, com baixo desemprego e níveis elevados de atividade econômica. Nesse cenário, aumentos no gasto público ou na oferta de crédito subsidiado tendem a pressionar a demanda, ultrapassando a capacidade produtiva do país e gerando ainda mais inflação. O uso de crédito subsidiado, além de ser inflacionário, traz custos fiscais que comprometem a eficácia da política monetária, especialmente se as taxas de juros forem inferiores às do mercado.
A Ata reforça a importância da coordenação entre a política fiscal e monetária, alertando que o Banco Central não pode combater a inflação sozinho. A política fiscal precisa estar alinhada à política monetária para gerar um ambiente econômico estável e sustentável. A falta de sincronia entre essas políticas, segundo o Copom, pode resultar em um cenário de inflação elevada e perda do poder de compra da população, o que comprometeria o crescimento econômico do país.