O Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio de Janeiro, é um conjunto de comunidades que passou por intensa transformação desde o final da década de 1960, quando áreas originalmente rurais começaram a ser urbanizadas para receber moradores de baixa renda. Inicialmente, famílias desabrigadas de outras favelas da cidade foram reassentadas na região, que carecia de infraestrutura e serviços públicos, como postos de saúde e escolas, e onde a polícia era a única presença oficial do estado. A área se desenvolveu gradualmente, mas o poder público ofereceu pouca assistência, o que, segundo historiadores, abriu espaço para um cenário de violência e criminalidade nas décadas seguintes.
Ao longo do tempo, a região se tornou palco de conflitos entre grupos criminosos e milícias, intensificando-se a partir da década de 1980 com a entrada do tráfico de drogas. Os moradores da época relatam que a situação de segurança se deteriorou rapidamente, afetando profundamente a vida cotidiana e as interações sociais. Durante os anos 2000, esses conflitos se intensificaram, gerando um cotidiano de violência que hoje é quase constante. Os estudiosos apontam que a falta de investimentos em educação e saúde contribuiu para o crescimento da marginalidade e da violência local.
O impacto dessa violência é perceptível nas escolas da região, onde professores relatam um sentimento de apatia entre os jovens. Muitos desses alunos demonstram pouca esperança quanto ao futuro, refletindo um imediatismo que se tornou prevalente. O complexo se consolidou como uma região marcada pela insegurança, mas também pela resiliência de seus moradores, que continuam a enfrentar desafios relacionados à ausência de serviços públicos e à violência urbana.