A Coleção Perseverança, composta por 211 objetos sagrados que sobreviveram ao Quebra de Xangô em 1912, foi reconhecida como patrimônio cultural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O tombamento definitivo foi aprovado por unanimidade durante a 106ª Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, ocorrida em 12 de novembro de 2024. O acervo, que desde 1950 está sob a guarda do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IHGAL), agora integra o Livro do Tombo das Belas Artes, o Livro do Tombo Histórico e o Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico, em reconhecimento ao seu valor histórico e etnográfico.
A Coleção Perseverança tem grande importância para a memória religiosa afro-alagoana, especialmente como símbolo de resistência das religiões de matriz africana na região de Maceió. Os objetos representam a luta pela preservação das tradições culturais e religiosas do Povo de Axé diante da repressão institucionalizada, que culminou no episódio histórico do Quebra de Xangô, um marco da perseguição religiosa sofrida pelas comunidades afro-brasileiras no início do século XX.
O tombamento definitivo reforça a relevância da coleção não apenas como um patrimônio religioso, mas também como um marco histórico da resistência contra a intolerância religiosa. A decisão do Iphan destaca a importância de preservar a memória das lutas travadas pelas comunidades de matriz africana no Brasil e valoriza o legado cultural desses povos, que enfrentaram séculos de repressão e perseguição.