Após as eleições de 2021 na Alemanha, a ascensão inesperada de Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata (SPD), trouxe uma nova configuração política ao país, com uma coalizão formada pelos sociais-democratas, liberais e verdes, chamada de Ampelkoalition ou “coalizão do semáforo” devido às cores representativas dos partidos. Embora com pautas divergentes, especialmente entre o SPD e os liberais, a coalizão manteve-se relativamente estável durante três anos, enfrentando desafios globais como a pandemia, a guerra na Europa e a desaceleração econômica da Alemanha.
Recentemente, o cenário político mudou drasticamente com a decisão de Scholz de demitir o ministro das finanças Christian Lindner, representante dos liberais, levando o partido a se retirar da coalizão e colocando em risco a maioria governista no parlamento. Com a saída dos liberais, Scholz deve agora enfrentar um voto de confiança no Bundestag, e cresce a especulação sobre a possibilidade de eleições antecipadas para março de 2025. O descontentamento da população com o SPD e seus aliados verdes se reflete nas pesquisas de opinião, onde ambos os partidos estão estagnados, enquanto os conservadores da CDU/CSU ganham força, posicionando-se como potenciais vencedores da próxima eleição.
A crise também evidencia a perda de identidade histórica do SPD, que foi um marco na defesa dos trabalhadores e das políticas sociais na Alemanha. A partir de uma série de mudanças em suas lideranças e com um foco crescente em pautas identitárias e ambientais, o partido perdeu a conexão com sua tradicional base de classe média trabalhadora, que tem buscado alternativas políticas à direita. A figura de Scholz, marcada por uma postura discreta e por uma liderança considerada por muitos como fraca, parece não ter conseguido responder às expectativas de grande parte da população, culminando em um cenário de incertezas quanto à estabilidade política da Alemanha.