Cientistas chineses publicaram as primeiras análises detalhadas de amostras de solo e rochas lunares coletadas pela missão Chang’e-6, que trouxe material do lado oculto da Lua. A missão, que ocorreu em junho de 2023, foi um marco na exploração espacial, já que a China se tornou a primeira nação a recuperar solo lunar dessa região. As amostras, que totalizam 1,9 kg, incluem fragmentos de rochas basálticas datadas de cerca de 2,8 bilhões de anos, revelando que o local de pouso da missão foi vulcanicamente ativo em uma época mais recente do que se imaginava para a Lua. A pesquisa desafiou as conclusões anteriores, baseadas nas amostras das missões Apollo e Luna, sobre a atividade vulcânica na Lua.
A descoberta da composição jovem dessas rochas e sua falta de elementos radioativos, comuns nas amostras do programa Apollo, levanta novas questões sobre a dinâmica interna da Lua. A pesquisa sugere que a Lua pode ter mantido uma atividade vulcânica por mais tempo do que se pensava, o que contradiz teorias anteriores sobre o rápido resfriamento do satélite devido ao seu pequeno tamanho. Além disso, a análise revelou uma diferença significativa entre o lado próximo e o lado oculto da Lua, com a última região apresentando uma crosta mais espessa e uma composição mineral distinta. Esses achados abrem novas perspectivas sobre a formação e evolução geológica lunar.
Embora as conclusões sejam ainda preliminares, os cientistas veem as amostras da Chang’e-6 como um ponto de partida para uma nova fase de investigações. A China, por meio de sua Administração Espacial Nacional (CNSA), tem permitido a colaboração internacional nos estudos das amostras, com pesquisadores de fora do país podendo solicitar acesso a partir de 2025. Esse compartilhamento de dados pode contribuir para uma compreensão mais profunda das diferenças geológicas entre os lados da Lua e oferecer novas pistas sobre a história do satélite natural da Terra.