Apesar da existência de uma lei desde 2010 que facilita a doação de órgãos, o Chile ainda apresenta uma baixa taxa de transplantes, com apenas 10 por milhão de habitantes. Isso coloca o país muito abaixo de líderes regionais, como o Uruguai, com quase o dobro da taxa, e também distante de países como Argentina e Brasil. As dificuldades para aumentar a doação estão ligadas, em grande parte, à resistência das famílias dos potenciais doadores, que frequentemente se opõem à retirada dos órgãos, mesmo após a declaração de falecimento.
Héctor Sánchez, que recebeu um transplante de fígado duplo, é um exemplo de como a doação pode transformar vidas. Após enfrentar sérias complicações hepáticas desde a infância, ele passou por dois transplantes até que o segundo fosse bem-sucedido, permitindo-lhe retomar uma vida normal. Ele agora usa sua história para promover a doação de órgãos, participando ativamente de campanhas e até liderando a seleção chilena de transplantados, que recentemente conquistou o Campeonato Mundial de Futebol de Transplantados na Itália. Sánchez é um símbolo de superação e um defensor do aumento da conscientização sobre o tema no país.
Apesar das campanhas de conscientização e da legislação favorável, o Chile ainda enfrenta desafios culturais e sociais relacionados à doação de órgãos. A desinformação e os preconceitos sobre o processo de doação, como o medo de danos estéticos no corpo do falecido, ainda prevalecem em muitas famílias. Além disso, a legislação chilena considera apenas pessoas com morte cerebral como doadoras, ao contrário de países como a Espanha, que também retira órgãos de indivíduos que sofrem uma parada cardíaca. Essas barreiras culturais e legais dificultam a expansão dos transplantes no país.