O bioma do Cerrado no Brasil está enfrentando uma grave crise de desmatamento, com a perda de 39 mil hectares em Mato Grosso do Sul em 2023, representando 48% do total de 83 mil hectares desmatados no estado. Dados do MapBiomas indicam que mais da metade da área desmatada no país está localizada no Cerrado, que, em conjunto com o Pantanal, perdeu 1,8 milhão de hectares de vegetação nativa neste mesmo ano. Diante dessa situação alarmante, autoridades e organizações não governamentais, como a WWF-Brasil, enfatizam a urgência da restauração das áreas degradadas como uma solução fundamental.
Para enfrentar esses desafios, a Rede de Sementes Flor do Cerrado tem se destacado ao mobilizar comunidades tradicionais para a coleta e distribuição de sementes nativas. Através dessa iniciativa, as comunidades locais, que desempenham um papel crucial na conservação do Cerrado, não só preservam o conhecimento tradicional sobre as espécies nativas, mas também se beneficiam economicamente. A coleta de sementes tem contribuído para a geração de renda, permitindo que famílias permaneçam em suas terras e fortaleçam suas práticas de subsistência.
Além de promover a conservação ambiental, o projeto também valoriza o protagonismo feminino nas comunidades rurais. As mulheres, frequentemente detentoras de conhecimentos valiosos sobre a biodiversidade local, agora participam ativamente de atividades que geram renda e promovem a autonomia. A presidente da Associação da Comunidade Quilombola de Furnas da Boa Sorte destaca que a coleta de sementes não apenas preserva o Cerrado, mas também fortalece a comunidade e proporciona oportunidades de desenvolvimento sustentável para as famílias locais.