O cientista político Leonardo Barreto, da consultoria Think Policy, destacou em entrevista que o atual cenário fiscal do governo Lula possui semelhanças importantes com a situação enfrentada em 2003, no primeiro mandato do presidente. Naquela época, o governo precisou implementar a reforma da previdência para reconquistar a confiança do mercado, um desafio que volta a se repetir agora, com a busca por soluções que equilibrem as contas públicas sem abrir mão das promessas de campanha.
Para Barreto, duas estratégias podem ser adotadas pelo governo. Uma opção seria implementar gatilhos fiscais acionados apenas em 2027, caso as metas de 2026 não sejam atingidas, evitando assim cortes imediatos de gastos. Outra alternativa seria encontrar um consenso interno no partido para que as medidas necessárias sejam aprovadas. O cientista político destaca que o diálogo dentro da base aliada será fundamental para enfrentar os desafios econômicos e políticos.
Apesar dos paralelos, Barreto aponta uma diferença relevante: em 2003, Lula tinha um horizonte político mais longo, o que pode não ser o caso agora. Isso pode tornar mais difícil a construção de uma relação estável com o mercado nesta gestão. Mesmo com as similaridades, o contexto atual apresenta nuances específicas que exigirão estratégias distintas para assegurar a confiança dos investidores e da sociedade, ressaltou Barreto.