A descoberta da carta de Esperança Garcia, em 1979, revelou uma história marcante de resistência no Brasil colonial. A escravizada, que viveu no século 18, escreveu ao governador do Piauí denunciando maus-tratos e reivindicando direitos, mais de um século antes da abolição da escravidão. Este documento é considerado uma peça única pela coragem e habilidade de uma mulher negra, então privada de liberdade, em usar a palavra escrita como ferramenta de denúncia e resistência contra as opressões do período.
Apesar de seu valor inestimável, a carta original foi extraviada nas décadas seguintes, possivelmente durante exposições externas promovidas pelo Arquivo Público do Piauí. A ausência do documento físico não diminui a relevância histórica de sua mensagem, que foi transcrita e preservada por pesquisadores como Luiz Mott. O texto serviu de base para importantes reflexões sobre o racismo estrutural e as lutas por igualdade no Brasil, além de inspirar reconhecimentos contemporâneos, como a homenagem a Esperança Garcia como a primeira advogada brasileira pela OAB.
A trajetória de Esperança Garcia simboliza a resistência histórica do povo negro contra a exploração e a violência. Sua figura representa uma ponte entre as lutas do passado e os desafios enfrentados pelas mulheres negras hoje, especialmente as quilombolas. Historiadores e estudiosos destacam sua importância para discussões sobre desigualdade e racismo, reforçando a necessidade de ampliar sua presença nos livros didáticos e debates educacionais como exemplo de bravura e reivindicação de direitos.