O CEO global do Carrefour anunciou a decisão de interromper a compra de carne proveniente do Mercosul, incluindo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A medida, que foi comunicada a produtores franceses, visa responder às pressões do setor agrícola da França, que se opõe ao acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. O Carrefour alegou questionamentos sobre a qualidade da carne do bloco sul-americano, sem, no entanto, especificar a extensão da restrição, que inicialmente seria válida apenas para as lojas da França.
Em resposta à decisão, frigoríficos brasileiros anunciaram que suspenderiam o fornecimento de carne para as lojas Carrefour no Brasil. O governo brasileiro, por meio do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, criticou a atitude da rede varejista, associando-a a uma forma de protecionismo econômico da França. Lira também mencionou que o Congresso Nacional discutirá uma proposta de lei para garantir reciprocidade nos acordos internacionais, impedindo que países imponham restrições unilaterais à importação de produtos brasileiros sem adotar políticas ambientais equivalentes.
A tensão entre o Carrefour e o setor agropecuário brasileiro reflete um cenário mais amplo de desentendimentos comerciais entre a União Europeia e o Mercosul. Além das críticas ao Carrefour, as associações de produtores brasileiros expressaram frustração com a medida, alertando que a decisão da empresa pode prejudicar a imagem e a competitividade da carne do Mercosul em outros mercados internacionais. O embate traz à tona questões sobre padrões de qualidade, protecionismo e a complexidade dos acordos comerciais globais.