O agronegócio brasileiro vive um momento de tensão após o CEO do Carrefour, Alexandre Bompard, anunciar que a rede varejista francesa deixaria de comercializar carne proveniente do Mercosul, em resposta a preocupações sobre as normas sanitárias e ambientais do produto. Embora o Carrefour tenha afirmado que essa decisão não afeta suas operações fora da França, grandes frigoríficos brasileiros como JBS e Masterboi anunciaram a suspensão no fornecimento de carne à rede em um movimento de retaliação. Apesar disso, as ações do Carrefour apresentaram uma valorização no mercado, refletindo uma expectativa cautelosa sobre os impactos diretos do boicote, que ainda não se materializaram em desabastecimento nas lojas brasileiras.
Analistas do mercado indicam que, por enquanto, os efeitos dessa disputa não devem ser significativos para as ações da companhia, pois a situação ainda está em aberto. As ações da rede fecharam com alta de 1,05% no dia 25 de novembro, embora tenha ocorrido uma breve queda logo após a declaração de Bompard. Se o boicote se intensificar e resultar em falta de carne nas prateleiras, isso poderia afetar as vendas do Carrefour, com possíveis reflexos no desempenho financeiro da empresa no curto e médio prazo. A falta de produtos de qualidade nas gôndolas pode levar consumidores a buscar alternativas em outras redes de supermercados.
Por outro lado, as ações dos frigoríficos, em especial da Minerva e Marfrig, tiveram uma leve valorização, refletindo o impacto da disputa no mercado. O Carrefour Brasil, por sua vez, negou que haja desabastecimento nas lojas e afirmou estar em constante diálogo com seus fornecedores para resolver a situação. A empresa destacou seu compromisso com os consumidores e com os mais de 130 mil colaboradores no país. A crise envolvendo o Carrefour e os frigoríficos também ocorre em um contexto de crescente pressão internacional sobre os impactos ambientais da produção de carne no Mercosul, o que adiciona complexidade à disputa comercial.