A recente crise envolvendo o Carrefour e os frigoríficos brasileiros foi desencadeada por uma declaração do CEO global da rede, Alexandre Bompard, que anunciou a suspensão da compra de carne do Mercosul. A declaração gerou reações fortes no setor agropecuário brasileiro, especialmente diante da alegação do executivo de que a carne sul-americana não atenderia às exigências ambientais da União Europeia. O episódio ocorreu durante a Cúpula do G20, quando o futuro do Acordo Mercosul-União Europeia voltou à tona, com resistência de países como a França, que exigem regras mais rígidas para produtos agrícolas importados.
Especialistas no setor, como Leonardo Munhoz, da FGV Agro, contestaram a declaração de Bompard, destacando que a legislação ambiental brasileira é mais rigorosa do que a de muitos países da Europa, incluindo a França. Munhoz também apontou que a carne brasileira já atende a padrões mais elevados que os exigidos internamente pelos países europeus. A alegação do CEO do Carrefour foi vista como infundada e baseada em desinformação, provocando uma reação imediata de boicote por parte dos frigoríficos brasileiros.
Na terça-feira (26), após uma semana de tensão, o Carrefour pediu desculpas por meio de uma carta enviada ao Ministro da Agricultura do Brasil, Carlos Fávaro. A empresa reconheceu a qualidade da carne brasileira e se desculpou por qualquer confusão causada pela sua comunicação. A crise foi considerada superada por entidades do setor, que destacaram o impacto limitado da declaração sobre as exportações brasileiras, dado que o mercado europeu representa menos de 5% das exportações de carne do Brasil. No entanto, o episódio ressalta o crescente impacto do protecionismo comercial na relação entre Europa e América Latina, especialmente no contexto das negociações do acordo Mercosul-UE.