Há 90 anos, o Brasil perdeu Carlos Chagas, renomado médico e sanitarista carioca que fez história ao descobrir e descrever a Doença de Chagas, também chamada tripanossomíase americana. Causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi , transmitido principalmente por insetos conhecidos como barbeiros, essa doença é negligenciada, mas potencialmente fatal. Além da transmissão por insetos, ela pode ocorrer via ingestão de alimentos contaminados, como caldo de cana e açaí, e por outras vias, como transfusões de sangue e transmissão materno-fetal.
Chagas foi o único cientista no mundo a descrever completamente uma doença, identificando o patógeno, vetor, hospedeiros, manifestações clínicas e epidemiologia da Doença de Chagas. Sua contribuição para a medicina foi acompanhada de importantes parcerias com grandes nomes da área, como Oswaldo Cruz, a quem homenageou ao nomear o protozoário causador da doença. Ele também liderou ações de combate à malária, destacando-se pela solução de focar no controle do mosquito transmissor, e participou de uma expedição à Amazônia, onde diagnosticou as precárias condições sanitárias da população ribeirinha.
Ao longo de sua vida, Carlos Chagas foi indicado duas vezes ao Prêmio Nobel de Medicina, em 1913 e 1921, mas não recebeu a honraria. Cientistas especulam que o comitê do prêmio priorizava pesquisadores europeus e norte-americanos. Apesar disso, o legado de Chagas permanece sólido na medicina e na saúde pública brasileira, representando um marco nas áreas de infectologia e sanitarismo do país.