O assessor especial para assuntos internacionais do Brasil, Celso Amorim, afirmou que o país buscará manter uma relação pragmática e estável com os Estados Unidos após a recente vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas. Amorim mencionou que o Brasil tem uma longa tradição diplomática com os EUA, que remonta a 200 anos, e que essa relação sempre foi pautada pelo pragmatismo, mesmo em momentos de desacordo, como durante a guerra do Iraque, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou publicamente a intervenção americana.
Amorim ressaltou que o governo brasileiro entende que o tempo será necessário para lidar com questões mais delicadas, como as políticas ambientais, que ele acredita serem construídas gradualmente. Em uma referência a precedentes históricos, o assessor comparou a situação atual com o período em que o Brasil manteve uma postura crítica em relação a ações específicas dos EUA, mas conseguiu preservar uma cooperação diplomática geral. Ele vê potencial para um relacionamento pragmático, dada a neutralidade mantida por Trump em relação ao presidente Lula, mesmo durante a sua aliança com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Por fim, Amorim destacou a importância da discrição nas interações internacionais e defendeu o apoio declarado de Lula à candidatura adversária de Trump, Kamala Harris, como um ato de simpatia, sem críticas diretas. Ele também diferiu Trump de outras figuras políticas da região, como o novo presidente argentino, Javier Milei, salientando que a nova administração americana pode abrir caminhos para um diálogo produtivo com o Brasil, mesmo em cenários de divergência.