O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, manifestou apoio à proposta de boicote levantada por associações do agronegócio brasileiro contra o Carrefour, em resposta à decisão da rede varejista de suspender a venda de carne do Mercosul nas lojas da França. Segundo a empresa, a medida foi motivada por uma crise enfrentada pelos produtores rurais franceses e não se aplica às unidades do Carrefour no Brasil, Argentina e outros mercados. Ainda assim, entidades como a Abiec, ABPA e CNA, juntamente com o ministro, destacaram que, se a carne brasileira não é aceita pelos franceses, também não deveria ser fornecida para o Carrefour no Brasil.
A polêmica ocorre em um momento delicado para as relações comerciais entre o Mercosul e a União Europeia, em que questões ambientais e de sustentabilidade são constantemente debatidas. Fávaro ressaltou a qualidade da carne brasileira e rejeitou alegações que poderiam comprometer a reputação do agronegócio nacional. O caso do Carrefour foi associado a um possível padrão de ações coordenadas, após uma controvérsia semelhante envolvendo a Danone, que, em outubro, anunciou e depois desmentiu o veto à compra de soja brasileira.
Especialistas e representantes do setor avaliam que o veto pode ser uma tentativa de enfraquecer a competitividade do agronegócio brasileiro e dificultar a aprovação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Para o governo brasileiro, o compromisso com sustentabilidade, rastreabilidade e qualidade sanitária é irrefutável, mas a soberania do país deve ser preservada. O episódio reflete o impacto de interesses agrícolas e comerciais europeus no avanço de negociações que já se arrastam há décadas.