Especialistas apontam que uma possível retomada da guerra comercial entre Estados Unidos e China, caso Donald Trump vença as próximas eleições e imponha tarifas à China, pode beneficiar o agronegócio brasileiro. Desde a primeira disputa entre os dois países, o Brasil já aumentou substancialmente suas exportações de soja, algodão, milho e carnes para o mercado chinês, ocupando parte do espaço que antes era dos EUA. Contudo, espera-se que esses benefícios sejam menores desta vez, visto que o Brasil já ocupa uma posição significativa no fornecimento de alguns produtos à China, como no caso da soja.
A demanda chinesa por soja brasileira, que representa atualmente quase 75% de suas importações desse produto, demonstra sinais de estagnação, limitando o potencial de crescimento do Brasil nesse mercado específico. No entanto, as tensões comerciais já provocaram um aumento nos prêmios da soja nos portos brasileiros, refletindo a expectativa de que a China busque ainda mais produtos brasileiros caso a disputa com os EUA avance. O cenário beneficia exportadores brasileiros ao elevar o valor da soja em relação ao mercado de Chicago, sinalizando um possível fortalecimento do agronegócio nacional em meio à disputa.
Apesar do impacto positivo esperado, há desafios a serem considerados, especialmente com a valorização do dólar, que pode encarecer insumos essenciais como fertilizantes, majoritariamente importados pelo Brasil. Além disso, a política protecionista americana, que pode limitar o acesso do Brasil ao mercado dos EUA, é vista com cautela, especialmente para o setor de proteínas, onde os EUA ocupam um papel importante como destino de carne bovina brasileira.