O Brasil iniciou um novo capítulo na exportação de produtos agrícolas ao enviar, pela primeira vez, um carregamento de café e cacau para a Europa utilizando um veleiro-cargueiro movido principalmente por vento. Esse transporte, realizado pelo veleiro Artemis, é uma inovação no setor, já que utiliza a energia do vento e de painéis solares, com emissão de carbono quase zero. Em casos excepcionais, como a falta de vento, o navio recorre a motor a combustão, mas a maior parte do trajeto é feito de forma sustentável. O veleiro deixou o Porto de São Sebastião, em São Paulo, e está viajando para a França, onde a carga de café orgânico será entregue, representando uma nova tendência na logística verde.
A fazenda de Mococa, no interior de São Paulo, cultiva o café de forma orgânica, sem uso de agrotóxicos, e utiliza práticas agrícolas sustentáveis, como o controle biológico de pragas. Esse método de cultivo tem atraído a atenção do mercado internacional, que valoriza a produção ecologicamente responsável. A exportação dos grãos de café e cacau em um veleiro-cargueiro reflete um esforço maior para integrar sustentabilidade à cadeia produtiva, desde o plantio até o transporte, contribuindo para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, um dos maiores desafios do setor de transporte marítimo.
O uso de embarcações movidas por energia renovável tem ganhado força como uma solução para diminuir a pegada de carbono do transporte internacional. O setor marítimo é responsável por uma parcela significativa das emissões globais, mas iniciativas como a do veleiro Artemis se alinham aos objetivos de descarbonização, com a meta de reduzir emissões até 2050. Com o aumento das exportações de café brasileiro, que já atingem quase US$ 9 bilhões em 2024, esse modelo de transporte sustentável pode se expandir, com mais viagens programadas até 2025, alinhando-se à crescente demanda por produtos ecológicos em mercados exigentes.