O Ministério da Saúde do Brasil registrou a perda de pelo menos 58 milhões de vacinas contra a Covid-19 desde 2021, um prejuízo estimado em cerca de R$ 2 bilhões. Apesar do impacto financeiro, parte do estoque foi trocada: 4,2 milhões de doses da vacina Moderna, avaliadas em R$ 240 milhões, foram substituídas. A discrepância entre os dados oficiais do governo federal e os relatórios estaduais e municipais dificulta a transparência na gestão. Enquanto o ministério afirma ter distribuído 700 milhões de doses, essa informação não é atualizada há mais de um ano. O estado de São Paulo, por exemplo, relata ter aplicado 144 milhões de doses, mas o ministério contabiliza apenas 131 milhões.
Durante a gestão anterior, a maior parte das vacinas vencidas era da AstraZeneca/Fiocruz, com o Tribunal de Contas da União (TCU) revelando que, até setembro de 2022, mais de 54 milhões de doses estavam fora do prazo de validade, correspondendo a perdas de cerca de R$ 2,1 bilhões. O TCU recomendou uma investigação detalhada sobre as falhas na gestão e apontou inconsistências nos dados disponíveis. Decisões administrativas mantiveram informações sobre o estoque em sigilo, dificultando análises externas. Em 2023, foi estimado que 40 milhões de doses foram perdidas devido a mudanças nos modelos de imunizantes e desafios no armazenamento.
As perdas também refletem dificuldades logísticas e limitações na administração de estoques, impactando a campanha de imunização no país. A situação é agravada pela falta de vacinas para outras doenças em várias regiões, ressaltando problemas estruturais na gestão de saúde pública. Especialistas recomendam maior transparência e revisão nos processos de controle para evitar novos desperdícios e fortalecer o programa nacional de imunizações.